A primeira equipe de bombeiros paulistas enviada ao Rio Grande do Sul (RS) para ajudar o governo local no resgate das vítimas das enchentes retornou nesta segunda-feira (13) a São Paulo.
Uma outra equipe com o mesmo número chegou no estado gaúcho no fim de semana para dar continuidade aos salvamentos. O desastre que aconteceu no estado é visto como “sem precedentes” por quem estava na missão.
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“Nunca vi um cenário tão catastrófico em 19 anos de carreira”, descreveu o sargento Marcel Carvalho, que passou cerca de dez dias na linha de frente dos resgates no RS. O bombeiro participou do salvamento de quatro pessoas e dois cachorros que caíram de um barco em Eldorado do Sul, na última quarta (8).
Os 33 militares que estavam no Sul desde 1º de maio resgataram 814 pessoas e 170 animais. As buscas e os salvamentos tiveram apoio de dois cães, de oito viaturas e sete embarcações, que permanecem no local para dar suporte à nova equipe paulista. O grupo médico também prestou mais de 80 atendimentos ambulatoriais à população e aos policiais que atuavam nas ocorrências.
O apoio das forças de segurança de São Paulo foi fundamental para o salvamento de muitas vidas. “Em geral, quando chegamos ao local o desastre já aconteceu, mas no RS ainda teve uma evolução e só depois veio a estabilização. A nossa presença foi um diferencial naquela situação de início”, diz o tenente Felipe Flora, responsável pelo planejamento das operações e organização de dados no Sul.
Além do cenário de destruição, o que mais intrigava os bombeiros na operação era o nível da água. “Em todas as vezes em que atuei em locais com enchentes, a água depois de um tempo baixava. Lá no Sul continuava igual, chegava a bater no segundo andar das casas. Eu voltei com a sensação de que a água está no mesmo nível depois de dez dias”, relata o tenente Fábio Spacassassi.
Ele e o capitão Franco participaram do resgate do cavalo Caramelo na quinta (9), em Canoas, que comoveu o país. “Gastamos muita energia para fazer essa ação, tinha muitos riscos envolvidos. Foi um planejamento muito bem elaborado e que teve um final feliz”, diz o capitão. Esta foi a primeira ação humanitária em que participou. “A demanda era muito maior que a oferta de serviço”, observa.
A equipe ficava instalada na base do Comando Geral dos Bombeiros, em Porto Alegre. “Levamos água, alimentos, colchões, remédios, equipamentos. Fomos autossuficientes, não incomodamos em nenhum momento o estado que já sofre com essa calamidade”, diz o major Adriano Baruffaldi, comandante das equipes de SP nas missões no Sul.
O comandante observa que não conhecer a área dificultava muito o deslocamento da equipe até as ocorrências. “Já participei de várias ações humanitárias, mas essa do Sul é sem precedentes. É praticamente o estado inteiro atingido e muitas pessoas em situações de risco. Sem dúvidas marcou a vida de todos nós.”
Depois de atuarem em missão por quase 230 horas, praticamente de forma ininterrupta, em uma situação tão adversa e cheia de desafios, “não há nada melhor do que chegar em casa, rever os amigos e abraçar os familiares”, admitem os bombeiros que participaram da missão. “É uma sensação de dever cumprido. Além das pessoas resgatadas, a melhor sensação de todo bombeiro quando volta de missão é estar com toda a sua equipe bem para devolvê-lo à sua família”, diz o sargento Carvalho.