Aos 70 anos de idade, Francisca Rosa de Carvalho, comemora as primeiras palavras e frases escritas na vida depois de uma vida dedicada ao trabalho braçal e posteriormente ao crime, motivo que a levou a condenação por tráfico de drogas e a cumprir pena na Penitenciária Feminina de Mogi Guaçu.
A foi exatamente no ambiente prisional que a mães de oito filhos e avó de filhos de 19 netos e sete bisnetos, deu os primeiros passos rumo a alfabetização.
Acompanhe o Guaçu Agora nas redes sociais: curta a página no Facebook e siga o perfil no Instagram
Foi em meio às grades e a rotina que ela encontrou o projeto de educação que abriu as portas para o mundo das palavras e que a ajuda agora a alimentar a fé com a leitura da Bíblia.
Mineira de nascimento, tendo morado e trabalhado no Paraná ainda criança, Francisca fincou raízes em Limeira (SP) há quase cinco décadas, onde criou os filhos e para onde espera retornar após cumprir sua condenação.
Para quem cresceu na lavoura, teve de abandonar os estudos cedo e encarar o trabalho nunca foi um problema, a descoberta da educação após décadas apresentou novos cenários, e Francisca acredita que a vida poderia ter tomados outros rumos se tivesse aprendido a ler e escrever antes.
“Poderia, sim. Eu poderia ter tido serviço mais fácil, trabalhei sempre em serviço pesado por não ter estudo. Se tivesse estudo, não teria pegado só no pesado. Se bem que serviço não mata ninguém. Meus filhos, graças a Deus, eles têm boa profissão”, conta, orgulhosa.
Francisca é apenas uma entre os 164 custodiados que se alfabetizaram nas unidades prisionais da Secretaria de Administração Penitenciária da região de Campinas.
Diretora-geral da unidade guaçuana, Daniele de Freitas Melo valoriza a educação como ferramenta de ressocialização e abertura à novas oportunidades.
“Às vezes a reeducanda procura as aulas pela remissão da pena, mas depois verificamos o interesse pelo estudo, pelo conhecimento, transformação. A educação é de fundamental importância em uma unidade prisional, porque é uma oportunidade das reeducandas voltarem à sala de aula, ao contato com professores, descoberta de talentos, sonhos”, defende.
